A fonte de amor e conhecimento
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Venho pensado repetidamente em como somos uma geração carente de noções básicas de conhecimento sobre si mesmo. Temos uma forte herança de nossos antecessores cuja preocupação principal era prover o sustento com base no suor do trabalho e tendo como imagem do sucesso a provisão de bens de consumo como forma de realização pessoal. Mas nos parece faltar, como reflexo da própria evolução das gerações, um ensinamento das outras habilidades que compõem esse novo conceito de sucesso.
Nos encontramos em conflito muitas vezes com tudo aquilo que nos foi ensinado, e sem fazer uma análise crítica da nossa própria vida podemos passá-la sentindo que algo falta, mesmo sob condições aparentemente abundantes do ponto de vista material.
Mas como poderíamos reverter o jogo assumindo pra nós a parte que nos cabe de entrega a esse processo?
Um dos meios mais enriquecedores é adaptar tudo o que aprendemos com nossos pais à realidade dessa nova geração de crianças que nos foi confiadas. É o momento em que podemos montar nossa própria maneira de nos relacionar com eles e com o mundo, aproveitando o que foi bom e ressignificando o que pode ser melhor. A convivência com nossa criança, a maneira como permitimos a ela exercer sua essência sem fugir às responsabilidades é campo fértil para o auto-aprendizado.
Temos a oportunidade, por demanda urgente dessas crianças, de olhar pra dentro de nós, e buscar entender o mundo sem projetar nele nossas dores. Só assim poderemos enxergar com mais clareza qual o nosso papel como indivíduos. Só assim poderemos ser a peça do quebra-cabeças que tem um lugar único de encaixe.
Agora podemos dizer que seguiremos em diante com o coração cheio. É um sentimento que preenche quando conseguimos honrar o passado sem medo de sermos injustos com aqueles que nos ensinaram tanto. Sim, somos parte de uma caricatura de “gratidão” que vemos quando juntamos as mãos em “namastê” e olhamos pro futuro com mais confiança de que estamos exatamente onde deveríamos estar. Que somos exatamente quem deveríamos ser.
Laryssa Chaves